Segundo Donald Trump, na passada sexta-feira à noite houve um ataque terrorista na Suécia. A questão é que não houve um ataque terrorista na Suécia. Tanto quanto perece, o presidente dos EUA estará a ser assessorado pelo embaixador itinerante do regime angolano, Luvualu de Carvalho.
Num discurso proferido na Florida, o presidente dos Estados Unidos da América, declarou: “Vejam o que está a acontecer na Alemanha, vejam o que aconteceu ontem à noite na Suécia. Suécia! Conseguem acreditar? Suécia! Eles acolheram um grande número [referindo-se a imigrantes e refugiados] e estão a ter problemas como nunca pensaram ser possível”.
A falsa informação propagou-se rapidamente e para alem do pedido de explicações do governo sueco, o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt escreveu: “A Suécia? Um atentado? O que é que ele fumou?”.
Há um ano (18 de Fevereiro de 2016), o embaixador itinerante de Angola, Luvualu de Carvalho, comparou os 15 activistas, presos quando estavam reunidos em Luanda, a três norte-americanos que discutiam na Internet o uso de armas de destruição em massa nos Estados Unidos.
“Se essa reunião que os 15 angolanos organizaram acontecesse aqui nos Estados Unidos os serviços de segurança tinham adoptado as mesmas medidas ou pior do que aquelas que foram tomadas pelas autoridades angolanas”, salientou Luvualu de Carvalho, numa conferência sobre Angola que decorreu em Washington, referindo-se aos jovens presos em Luanda e acusados – entre uma vasta enciclopédia de crimes “trumpnianos” de tentativa de golpe de Estado.
O diplomata do regime angolano argumentou que no dia 29 de Agosto de 2015, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que três indivíduos tinham sido condenados a 12 anos de cadeia porque “estavam a falar na Internet” sobre as armas de destruição maciça contra o governo federal.
“Como é que três indivíduos podem atentar contra o maior país do mundo, os Estados Unidos, e 15 indivíduos não podem atentar contra o governo de Angola? Não é assunto para nós, os civis, discutirmos. Este é um assunto para as forças de segurança e para a justiça”, disse Luvualu de Carvalho.
O embaixador do regime respondia directamente à denúncia do jornalista e activista Rafael Marques de Morais, presente na mesma conferência, sobre o grupo de 15 angolanos detidos em Junho de 2015 por “estarem a ler um livro”.
“Não é verdade o que o Rafael diz, que os 15 angolanos foram presos porque estavam a ler um livro. Peço desculpa mas isso não é verdade. Estes angolanos foram presos depois de os nossos serviços de segurança terem executado um trabalho sério e concluíram que os planos que eles tinham em mente a preparação de actos de sublevação”, disse o embaixador itinerante da Re(i)pública de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos.
Luvualu de Carvalho e Rafael Marques de Morais participavam na conferência “Perspectivas sobre a Transparência, Direitos Humanos e Sociedade Civil em Angola”, organizada na capital norte-americana pelo National Endowment for Democracy (NED) e que reuniu também o subsecretário adjunto para os Assuntos Africanos e o embaixador Princeton Lyman, conselheiro do então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Anteriormente, Rafael Marques de Morais tinha-se referido também ao caso de Marcos Mavungo, condenado a seis anos de cadeia pelo Tribunal de Cabinda e ao “Massacre do Monte Sumi”, no Huambo, em 2015.
Para Luvualu de Carvalho é preciso dar “tempo à justiça para fazer o seu trabalho” e dirigindo-se a Rafael Marques de Morais afirmou que quando se discutem direitos humanos em Angola, o assunto não pode ser encarado como pessoal.
“Eu compreendo que o Rafael tem os seus sentimentos, que já foi condenado, e que ele pensa que foi injustiçado. Mas, quantas pessoas no mundo e aqui nos Estados Unidos foram condenadas e pensam que foram alvo de injustiça? O Supremo Tribunal (do regime de Angola) é que vai dizer se o julgamento (de Rafael Marques) foi injusto. Estes assuntos não podem ser discutidos com emoção”, disse Luvualu.